Bom, para início de conversa,
pode ser que para você, querido leitor, eu esteja meio ultrapassado na maneira
de pensar, e por isso nem queira perder tempo com esta reflexão. Porém, ainda
acredito que exista um valor e um sentido mais profundo agregados aos costumes
preservados por nossos pais. Por isso mesmo é estranho perceber que vivemos
numa época em que praticamente não existem mais espaços sagrados, lugares de
concentração, de encontro, onde a atenção seja voltada para um único objetivo.
E engana-se você, amigo, se pensa que estou falando de religião. Não é só isso.
Uma coisa é verdade: cada vez
mais a tecnologia diminui as distâncias, nos garante novos jeitos de estar juntos,
outras formas de nos organizarmos socialmente; mas, paradoxalmente, o mesmo
mecanismo que nos aproxima, em muitos casos vai, ao mesmo tempo, criando um
exército de solitários, cujo convívio social se encerra na tela do computador,
dos celulares, smatrphones, etc.. E, por conta disso, torna-se cada vez maior a
dificuldade em se saber onde ficam os limites. Nos cinemas, teatros e igrejas,
por exemplo, é, no mínimo, irritante, para os que desejam concentrar-se, o
toque fora de hora dos celulares, que, por uma questão de bom senso, deveriam
estar desligados durante as sessões ou cerimonias. Além, é claro, das infinitas
mensagens de texto a serem lidas e respondidas em qualquer lugar, não se
importando com quem está a volta.
Sinceramente, as vezes me pergunto
porque algumas pessoas ainda aceitam sair com seus amigos se, na verdade passam
o tempo todo em conversas paralelas com quem não está ali. Donde surge a
questão.... Se essa pessoa do outro lado da tela ou da linha é tão mais
importante que todos os que estão perto, porque não escolheu estar com ela?
Sinceramente, não é justo roubar o tempo do outro para não lhe acrescentar
nada, porque você está ocupado com outra pessoa, distante.
Ainda que a distância não deva
ser um empecilho para a amizade, não se pode reduzir a vida aos relacionamentos
virtuais. Eles não substituem os abraços, a alegria do encontro. A tecnologia é
um paliativo para diminuir distâncias, não uma forma de substituir a presença
física, tão importante. Falamos tanto em estar próximos, amar os outros, mas
talvez seja o tempo de valorizar também. Não queira que as pessoas achem normal
todas as suas formas desprezo (ainda que inconsciente) ao tempo que elas lhe
dedicam, as vezes sacrificando outras coisas para estar com você.
Começando um novo ano é hora de
fazer bem a lição de casa. É necessário mudar as atitudes, ou, rapidamente, com
esses pequenos deslizes você estará sozinho, encerrado no seu computador. Não
chore pelo abandono que sente se foi você mesmo que, por vezes, afastou-se dos
outros. Cada um tem dos outros aquilo que cativa. E, talvez esteja na hora de
mudar um pouquinho.
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