segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

E o tão esperado 2017 chegou…

Creio que a tempos os brasileiros não esperam com tanto entusiasmo a chegada do ano novo. E não é por menos. Afinal de contas, o ano que passou foi dos mais pesados e difíceis dos últimos tempos. Ano de mudanças, de guinadas importantes e, na maioria das vezes para um pouco pior.

O que se falar do Brasil, assustado pela violência crescente, pela crise econômica, o desemprego que não para de crescer, a derrubada de um governo, o desespero da iniciativa privada, o caos na saúde, e, acima de tudo, a crise ética e moral que nos mostra uma política cada vez mais assolada de críticas e recheada de escândalos que não param de crescer. Parece que 2016 revelou-se um ano um tanto inusitado, embora não surpreendente.

Mas não sejamos tão injustos, existiram coisas boas. Vimos um país animado e emocionado com as belas histórias de superação surgidas nos Jogos Olímpicos. Atletas desconhecidos nos mostrando que, com dedicação, podemos sempre mais. Vimos a solidariedade que vence a dor das tragédias, um povo mais sensível as dores dos outros. Chegamos a um ponto em que a justiça não pôde se furtar de seu papel, prendendo corruptos, investigando e trabalhando por um país um pouco mais sério. Enfim, vimos um orgulho brasileiro ressurgindo, ainda que tímido, no meio do caos e na certeza de que somos capazes de mudar.

O ano de 2017, certamente pode ser melhor, mas não se faz sozinho. Talvez, se olharmos o que aprendemos com os erros passados, o novo ano pode nos trazer a ideia da reconstrução. Reconstruir a identidade, o desejo de crescer e a esperança de que é possível sair do fundo do poço. Mas é preciso ir além, sair do lugar de quem só reclama e espera passivamente as coisas acontecerem. O brasileiro precisa se reinventar. Ser menos amante do provisório, da gambiarra. Porque a simples mudança do ano não significa muita coisa, se não for acompanhada pela mudança da mentalidade, do desejo de mudar e do trabalho e esforço pras coisas serem melhores.

Pra frente é que se anda... então, ’bora’ fazer de 2017 uma oportunidade de recomeçar... 


Novo ano... velhas políticas... Nova mentalidade?

Com o início do ano tivemos a posse dos prefeitos que dirigirão as cidades brasileiras pelos próximos quatro anos. E com eles, voltam as expectativas da população sobre os temas importantes e sempre problemáticos na vida dos brasileiros.

Acompanhando notícias sobre a posse, observava como o não mudamos o discurso sem mudar as atitudes. Todo mundo fala de saúde, educação, trabalho e segurança. Todos parecem ter a formula mágica para resolver tudo nos próximos anos. E sinceramente, no fundo a gente ate acredita sempre que uma hora isso vai ser possível. Porque, no fundo, todos ansiamos por mudanças, por ver o fim das filas desumanas para marcar uma consulta ou colocar uma criança na creche. Sonhamos com uma cidade mais livre, sem medo de assaltos, do desemprego, etc.

E não podemos perder o medo de sonhar. Não podemos esquecer que é papel do cidadão começar as mudanças por sua forma de votar, mas não pode ficar nisso. Se não acompanhar, nada muda. Se achar que já fez sua parte ao votar e não precisa mais nada, está contribuindo para que nada mude, pois, a falta de fiscalização gera acomodação, que é a porta de entrada para uma má administração. Os desgovernos normalmente são herança de uma política descompromissada.

Nos acostumamos a olhar as coisas de longe. Criticamos com base nos achismos e pouco nos comprometemos com a vida política de nossas cidades, estados e país. Portanto, talvez esteja na hora de sair do “ouvir dizer” e partir para a prática. Não basta gritar nas ruas depois pelas coisas malfeitas agora. E principalmente, precisamos combater a ideia de que discutir política é errado e ruim. O que é errado é levar as discussões para o pessoal, perdendo amigos, ofendendo pessoas e propagando boatos sem sentido, pois isso sim é nocivo.

Depois de um ano recheado de problemas, espero que 2017 nos desperte a necessidade de atenção com o bem público, de acompanhamento dos destinos políticos que afetam toda nossa sociedade. Mais que fazer barulho, que no ano novo tenhamos mais disposição para mudar.

Compartilhando sonhos para 2017

Toda virada de ano nos traz a sensação de mudança, de esperança, de novos sonhos. E isso nos faz muito bem, por isso sonhar é necessário, faz bem e nos enche de mais vida. Por isso não me envergonho de sonhar.

Sonhando minha vida, acredito que é hora de renovar as forças, mudar perspectivas, arriscar mais, criar mais. Faz parte da vida ir para frente, portanto, tem que caminhar, porque onde falta movimento, falta vida. E isso também espero de meus amigos. Que sejam capazes de arriscar, que possamos celebrar as conquistas de tempos novos.

Para nosso povo sonho um pouco mais de paz. Paz entre as pessoas, harmonia. E que não seja necessário ensinar o obvio: que a convivência humana se faz por meio do respeito e do cuidado, direitos e deveres. Que nos lembremos que somos todos semelhantes.

Para nossos políticos, sonho com a responsabilidade e a transparência. Que sejam capazes de se sentir responsáveis de fato pelo bem comum. Sejam mais zelosos e menos ambiciosos. Enxerguem as pessoas como semelhantes e não instrumentos para chegada no poder.

Sonho em ver os líderes religiosos mais prudentes, mais abertos ao diálogo. Que haja menos guerras ideológicas e mais busca de entendimento. Parem de pregar divisão e preconceito, falem mais do que é bom, do faz crescer, do amor, da fraternidade. Não queiram se tornar maiores que a fé que professam. Sejam capazes de discutir sobre a tolerância. E que o mesmo se aplique aos que são ateus, sem religião, agnósticos, etc. aprendam a viver cada um seguindo o que acredita, mas todos aprendendo a respeitar o espaço um do outro.

Enfim, meu maior sonho é que nos amemos. E que entendamos que amor não é aquela coisa boba e alienante que nos ensinam os filmes da tv. Amor é mais que um sentimento intimista, é pulsão de vida, capaz de nos fazer andar para frente e avançar o sentido de ser mais humanos.

Por isso mesmo resumo meus sonhos no desejo de sermos mais seres humanos. Menos ideológicos, político-partidários, religiosos, fundamentalistas. Sejamos apenas homens e mulheres, que expressam suas alegrias e tristezas, sua fé ou descrença sem medo de ser o que são, sem medo de ser gente.



Uma dica para o ano novo: relações mais reais que virtuais

Bom, para início de conversa, pode ser que para você, querido leitor, eu esteja meio ultrapassado na maneira de pensar, e por isso nem queira perder tempo com esta reflexão. Porém, ainda acredito que exista um valor e um sentido mais profundo agregados aos costumes preservados por nossos pais. Por isso mesmo é estranho perceber que vivemos numa época em que praticamente não existem mais espaços sagrados, lugares de concentração, de encontro, onde a atenção seja voltada para um único objetivo. E engana-se você, amigo, se pensa que estou falando de religião. Não é só isso.

Uma coisa é verdade: cada vez mais a tecnologia diminui as distâncias, nos garante novos jeitos de estar juntos, outras formas de nos organizarmos socialmente; mas, paradoxalmente, o mesmo mecanismo que nos aproxima, em muitos casos vai, ao mesmo tempo, criando um exército de solitários, cujo convívio social se encerra na tela do computador, dos celulares, smatrphones, etc.. E, por conta disso, torna-se cada vez maior a dificuldade em se saber onde ficam os limites. Nos cinemas, teatros e igrejas, por exemplo, é, no mínimo, irritante, para os que desejam concentrar-se, o toque fora de hora dos celulares, que, por uma questão de bom senso, deveriam estar desligados durante as sessões ou cerimonias. Além, é claro, das infinitas mensagens de texto a serem lidas e respondidas em qualquer lugar, não se importando com quem está a volta.

Sinceramente, as vezes me pergunto porque algumas pessoas ainda aceitam sair com seus amigos se, na verdade passam o tempo todo em conversas paralelas com quem não está ali. Donde surge a questão.... Se essa pessoa do outro lado da tela ou da linha é tão mais importante que todos os que estão perto, porque não escolheu estar com ela? Sinceramente, não é justo roubar o tempo do outro para não lhe acrescentar nada, porque você está ocupado com outra pessoa, distante.

Ainda que a distância não deva ser um empecilho para a amizade, não se pode reduzir a vida aos relacionamentos virtuais. Eles não substituem os abraços, a alegria do encontro. A tecnologia é um paliativo para diminuir distâncias, não uma forma de substituir a presença física, tão importante. Falamos tanto em estar próximos, amar os outros, mas talvez seja o tempo de valorizar também. Não queira que as pessoas achem normal todas as suas formas desprezo (ainda que inconsciente) ao tempo que elas lhe dedicam, as vezes sacrificando outras coisas para estar com você.

Começando um novo ano é hora de fazer bem a lição de casa. É necessário mudar as atitudes, ou, rapidamente, com esses pequenos deslizes você estará sozinho, encerrado no seu computador. Não chore pelo abandono que sente se foi você mesmo que, por vezes, afastou-se dos outros. Cada um tem dos outros aquilo que cativa. E, talvez esteja na hora de mudar um pouquinho.

Que tal investir um pouco mais na valorização de suas amizades reais? Pode ser um bom projeto para um novo ano que se inicia.


Dialogos andarilhos: espaço de liberdade

Sempre me chamou a atenção a figura do andarilho. Sujeito diferente, estranho a nossos olhos, que não se enquadra em nosso imaginário social. Ele transgride, incomoda, gera certo desconforto a nossa sempre previsível sociedade.

Quando criança, tinha medo dessas pessoas; me diziam para ter cuidado com elas, que eram violentas, bêbadas ou drogadas, loucas. Um preconceito próprio de quem, não conhecendo o outro e suas particularidades, tende a generalizar, tomar o todo pela parte, permanecer na aparência.

Com o tempo fui descobrindo o sentido da aproximação, da acolhida e da compreensão do que seja o mundo do outro, que, embora diferente, não é melhor nem pior que o meu. Onde há coisas boas e ruins. E, me deixando afectar pela figura do andarilho fui descobrindo um sentido diferente de liberdade, e até de realidade. Diferente de nosso pensamento formatado e por vezes racionalista, o sujeito errante tem uma forma própria de se comunicar, seja com o outro ou com a natureza. Ele não é louco, apenas enxerga o mundo com outras cores, outros brilhos. Não está preso a nossa concepção convencional da vida.
Mas, acima de tudo, é dotado de profunda sensibilidade e senso de direção muito especiais, particulares. Porque simplesmente vai. Simplesmente anda. Simplesmente vive. Talvez por isso nos cause tamanho estranhamento.

E só é possível entendê-lo se entramos no seu mundo, se temos abertura para acolhe-lo no nosso. Se não temos medo de nos perder. Só entende o mundo do outro quem não se fecha no seu, quem dialoga. Isso me encanta e me causa profundo questionamento. E daí surge o desejo de dialogar de forma andarilha, livre de amarras e certo de que não sou dono da razão, apenas tenho uma maneira particular de interpretar a vida.  Me permitir a partilhar visões de mundo, experiências passadas e sonhos de futuro é uma forma não me fazer alheio ao mundo, de dizer não ao espírito do conformismo que vem formatar nosso pensamento e racionalidade.

Se o diálogo é próprio de quem está aberto ao outro, então diálogos andarilhos me tocam pela profunda experiência de liberdade que posso fazer quando sou capaz de me abrir ao diferente e também mostrar o que há de diferente em mim.