Creio que a tempos os brasileiros
não esperam com tanto entusiasmo a chegada do ano novo. E não é por menos. Afinal
de contas, o ano que passou foi dos mais pesados e difíceis dos últimos tempos.
Ano de mudanças, de guinadas importantes e, na maioria das vezes para um pouco
pior.
O que se falar do Brasil,
assustado pela violência crescente, pela crise econômica, o desemprego que não para
de crescer, a derrubada de um governo, o desespero da iniciativa privada, o
caos na saúde, e, acima de tudo, a crise ética e moral que nos mostra uma
política cada vez mais assolada de críticas e recheada de escândalos que não
param de crescer. Parece que 2016 revelou-se um ano um tanto inusitado, embora
não surpreendente.
Mas não sejamos tão injustos,
existiram coisas boas. Vimos um país animado e emocionado com as belas
histórias de superação surgidas nos Jogos Olímpicos. Atletas desconhecidos nos
mostrando que, com dedicação, podemos sempre mais. Vimos a solidariedade que
vence a dor das tragédias, um povo mais sensível as dores dos outros. Chegamos a
um ponto em que a justiça não pôde se furtar de seu papel, prendendo corruptos,
investigando e trabalhando por um país um pouco mais sério. Enfim, vimos um
orgulho brasileiro ressurgindo, ainda que tímido, no meio do caos e na certeza
de que somos capazes de mudar.
O ano de 2017, certamente pode
ser melhor, mas não se faz sozinho. Talvez, se olharmos o que aprendemos com os
erros passados, o novo ano pode nos trazer a ideia da reconstrução. Reconstruir
a identidade, o desejo de crescer e a esperança de que é possível sair do fundo
do poço. Mas é preciso ir além, sair do lugar de quem só reclama e espera
passivamente as coisas acontecerem. O brasileiro precisa se reinventar. Ser menos
amante do provisório, da gambiarra. Porque a simples mudança do ano não
significa muita coisa, se não for acompanhada pela mudança da mentalidade, do
desejo de mudar e do trabalho e esforço pras coisas serem melhores.